Quando
eu era mais nova achava que tinha uma mania besta: chorava e sofria com o
sofrimento dos outros. Carrego isso comigo até hoje. Certa vez, me acabei de chorar, por dias, com a notícia
do falecimento do namorado de uma amiga distante. Eu não tinha intimidade
(amizade ou contato) com ele, mas sofria ao imaginar a dor que minha amiga
estava sentindo, e há muito tempo eu não a via. Foi então que, há dois anos
atrás, um professor de redação mencionou uma palavra em sala de aula e explicou
seu significado: EMPATIA.
Eu
nunca tinha ouvido esta palavra. Ele disse que é quando uma pessoa põe-se no
lugar de outra; toma pra si o que acontece com os outros, positiva ou
negativamente. E, de imediato, eu me identifiquei com aquela definição.
Descobri que eu possuía uma tal empatia. Entendi que não era uma besteira, como
eu pensava antes. Era algo sério. Muito sério. Bonito de se sentir. Humano!
Depois
de conhecer um pouco mais, concluí que a empatia está diretamente ligada à
solidariedade. Vivo isso constantemente. Semana passada tive mais duas
provações sobre meu desempenho empático: eu o conhecia há poucos dias; estive
pouco tempo com ele, mas não iria abandoná-lo naquele estado. Ele estava só e
precisava de ajuda. Fiquei atônita com tamanha indiferença dos que estavam ali
vendo o que acontecia e de braços cruzados. E pensei: “se eu estivesse no lugar
dele, quem me ajudaria? Como eu sairia dessa?” Depois de muito tempo, consegui
ajuda e fiquei ao seu lado até quando percebi que estava “tudo em ordem”. Ele
ficou surpreso e muito grato a mim.
Dois
dias depois, mais uma situação delicada: ela cortou o dedo (corte feio mesmo) e
não tinha quem a acompanhasse ao hospital. Se não bastasse tanta dor e a demora
do marido em ir buscá-la, ele (sua única companhia aqui), ao chegar, esnobou
totalmente seu apelo. Mais uma vez imaginei o que ela estava sentindo: dor,
raiva, tristeza, decepção, por qual dos sentimentos ela mais chorava? Como eu
me sentiria se estivesse no lugar dela? Eu senti. Foi muito ruim. Então, fui com ela ao hospital e tomei as providências como todo
acompanhante de paciente sem condições que agir sozinho. Ela levou 6 pontos
(para grande surpresa de seu marido), voltamos pra casa e tudo ficou bem.
Quando
faço essas coisas, nunca espero recompensa. Só faço porque penso que se eu
estivesse no lugar dele (a), gostaria que alguém me ajudasse. O melhor é a
sensação que me toma depois. Saber que ajudei uma pessoa num momento preciso.
Nestes casos, momentos em que os dois estavam longe de familiares e amigos que
pudessem realizar seus papeis de companheiros.
Se
eu pudesse, plantaria uma semente de empatia no coração de todas as pessoas que
conheço, e das que não conheço também. Para que todo mundo tivesse vontade,
singela, de ajudar uns aos outros. Já que não sou possuidora de imensa
sabedoria de plantio, faço minha parte soltando umas sementinhas aqui e ali.
Acredito que elas brotarão e quando eu precisar poderei me alimentar de seus
frutos.
Pérola
Negra.
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"Os homens semeiam na terra o que colherão na vida espiritual: os frutos da sua coragem ou da sua fraqueza."
(Allan Kardec)