quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Ser* Humano



Quando eu era mais nova achava que tinha uma mania besta: chorava e sofria com o sofrimento dos outros. Carrego isso comigo até hoje. Certa vez, me acabei de chorar, por dias, com a notícia do falecimento do namorado de uma amiga distante. Eu não tinha intimidade (amizade ou contato) com ele, mas sofria ao imaginar a dor que minha amiga estava sentindo, e há muito tempo eu não a via. Foi então que, há dois anos atrás, um professor de redação mencionou uma palavra em sala de aula e explicou seu significado: EMPATIA.
Eu nunca tinha ouvido esta palavra. Ele disse que é quando uma pessoa põe-se no lugar de outra; toma pra si o que acontece com os outros, positiva ou negativamente. E, de imediato, eu me identifiquei com aquela definição. Descobri que eu possuía uma tal empatia. Entendi que não era uma besteira, como eu pensava antes. Era algo sério. Muito sério. Bonito de se sentir. Humano!
Depois de conhecer um pouco mais, concluí que a empatia está diretamente ligada à solidariedade. Vivo isso constantemente. Semana passada tive mais duas provações sobre meu desempenho empático: eu o conhecia há poucos dias; estive pouco tempo com ele, mas não iria abandoná-lo naquele estado. Ele estava só e precisava de ajuda. Fiquei atônita com tamanha indiferença dos que estavam ali vendo o que acontecia e de braços cruzados. E pensei: “se eu estivesse no lugar dele, quem me ajudaria? Como eu sairia dessa?” Depois de muito tempo, consegui ajuda e fiquei ao seu lado até quando percebi que estava “tudo em ordem”. Ele ficou surpreso e muito grato a mim.
Dois dias depois, mais uma situação delicada: ela cortou o dedo (corte feio mesmo) e não tinha quem a acompanhasse ao hospital. Se não bastasse tanta dor e a demora do marido em ir buscá-la, ele (sua única companhia aqui), ao chegar, esnobou totalmente seu apelo. Mais uma vez imaginei o que ela estava sentindo: dor, raiva, tristeza, decepção, por qual dos sentimentos ela mais chorava? Como eu me sentiria se estivesse no lugar dela? Eu senti. Foi muito ruim. Então, fui com ela ao hospital e tomei as providências como todo acompanhante de paciente sem condições que agir sozinho. Ela levou 6 pontos (para grande surpresa de seu marido), voltamos pra casa e tudo ficou bem.
Quando faço essas coisas, nunca espero recompensa. Só faço porque penso que se eu estivesse no lugar dele (a), gostaria que alguém me ajudasse. O melhor é a sensação que me toma depois. Saber que ajudei uma pessoa num momento preciso. Nestes casos, momentos em que os dois estavam longe de familiares e amigos que pudessem realizar seus papeis de companheiros.
Se eu pudesse, plantaria uma semente de empatia no coração de todas as pessoas que conheço, e das que não conheço também. Para que todo mundo tivesse vontade, singela, de ajudar uns aos outros. Já que não sou possuidora de imensa sabedoria de plantio, faço minha parte soltando umas sementinhas aqui e ali. Acredito que elas brotarão e quando eu precisar poderei me alimentar de seus frutos.

Pérola Negra.

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"Os homens semeiam na terra o que colherão na vida espiritual: os frutos da sua coragem ou da sua fraqueza."
(Allan Kardec)
 

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Dois Barcos ♫


Quem bater primeiro a dobra do mar
Dá de lá bandeira qualquer, aponta pra fé 
E rema

É, pode ser que a maré não vire
Pode ser do vento vir contra o cais
E se já não sinto teus sinais
Pode ser da vida acostumar
Será, Morena?
Sobre estar só, eu sei
nos mares por onde andei
devagar 
dedicou-se mais o acaso a se esconder
E agora o amanhã, cadê?

Doce o mar, perdeu no meu cantar

(Los Hermanos)